17/10/2009

Curioso fim

Branco e um pouco grande, no momento sua sujeira se resumia a uma única mancha.
Estava cansado. Seu tempo de vida estava acabando.
Ele se preservava porem, com o tempo, nada mais podia ser feito.
Sua história começou em uma grande fábrica. Ele era só mais um no meio daquela imensidão.
Foi produzido com a melhor das matérias primas, tinha o mais belo design e pertencia a mais moderna tecnologia.
Era um sucesso de venda. Todos estavam comprando e seu preço estava altíssimo.
Acreditava que em pouco tempo sairia de uma maravilhosa loja de luxo do centro da cidade para as mãos, na verdade os pés, de um renomado usuário.
Desejava ser tratado como rei: ser limpo, escovado e endeusado pelas suas características.
Realmente esse era seu futuro. Pelo menos era o futuro proposto por todos os outros.

Roberto trabalhava na fábrica.
Havia acabado de ser contratado. Era jovem, seu primeiro emprego, sua mãe lhe obrigou. Já tinha dezenove anos e nada gostava de fazer. Pedia tudo que via e quase sempre recebia o que queria. Mas sua mãe estava decidida a mudar. Ele não teria mais suas vontades satisfeitas. Teria que trabalhar. E assim foi feito.
Era tarde o expediente de Roberto já estava acabando. A fábrica já estava vazia. Ele era um dos últimos a sair. Precisava desligar as maquinas e guardar os últimos produtos produzidos.
Não era um dos melhores trabalhadores, mas fazia o que lhe pediam e assim seguia sua jornada.
O dia da mudança foi ontem, todos os seus amigos estavam do lado de fora da fábrica a sua espera, era dia de barzinho e noite de chopada.
Estavam todos arrumados e Roberto, sujo, cansado e desarrumado, encontrava-se dentro da fabrica de frente ao seu desejo momentâneo.
Não pensou duas vezes. Colocou-os nos pés e saiu.
Sua noite estava apenas começando.

Era preta, um pouco pequena, no momento sua sujeira se resumia ao resto de pólvora que em si havia.
Estava acabada, agora, já inútil. Seu tempo de vida dependia de alguém. Ela não se preservava, não tinha o porquê, sua vida era ser usada e descartada quando quisessem.
Sua historia começou como qualquer outra, em casa, com peças usadas, sua funcionalidade era baixa.
Seu preto era de encardido e sua cor real não podia ser definida.
Não imaginava tento o futuro sabia que não tinha o porquê pensar.
Desejava viver em outro mundo, onde não precisasse ser usada do modo que a queriam.
Quem a comprou, realmente pensou em mudar seu futuro. Nada que ela havia imaginado aconteceria. Pelo menos até ontem á noite.

Já era noite, Renato havia caçado o dia inteiro. Estava exausto e guardo seu objeto no quarto. Foi para o banho.
Felipe já tinha se arrumado, estava pronto para sair.
Foi no quarto do pai se despedir e viu a gaveta aberta. Descobriu o objeto, seus olhos brilhavam. Pegou-o. Saiu sem falar nada. Estava decidido a testar o descoberto. Objetivo maior não havia. Era só diversão. Pegou o carro e foi andar. No caminho, noite de chopada, decidiu parar para falar com os amigos.
Foi e mostrou o brinquedo. Forte reação.
Felicidade. Diversão. Foi engatilhado.
Passou de mão em mão. Era novidade. Diferente.
Escorregou, caiu, disparou... Atingiu.

Restou um tênis sujo, uma arma usada e uma pessoa morta.

2 comentários:

Pedro Paulo Rosa disse...

Você escreve muito, João!

Tem bastante agilidade, sabe dosar o tempo das cenas. E é impactante.

Poxa, você tem que publicar um livro!

Grande Abraço e obrigado por divulgar o meu trabalho.

JP Rocha disse...

Muito obrigado pela força, Pedro!

Publicar um livro é um dos mues objetivos e sonhos.

tento fazer o melhor e o mais diferente possível do comum.

"nada se cria, tudo se copia" - tento copiar o mínimo possível.

ObrigadO!

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